Uma notícia triste para os fãs de Calvin e Haroldo [Calvin and Hobbes] chegou esta semana em uma (muito, mas muito rara) entrevista cedida por Bill Watterson à revista Mental Floss. Nela o artista deixa bem claro que Calvin e Haroldo não terão nenhuma versão em outro tipo de mídia.
Bill Watterson começou a fazer arte ainda na escola em meados da década de 70 para 80:
[Vietnã contra USA]
[“Estou apreciando seu interesse na matéria, senhor Groobman, mas eu duvido que a leitura sobre a Segunda Guerra Mundial requeira efeitos sonoros”]
No começo da década de 80, Bill seguiu na carreira de cartunista político, mas não deixava Calvin e Haroldo de lado:
[Imagens retiradas de um blog que pretende reunir os quadrinhos e outros desenhos de Watterson. Confira aqui]
Em outra rara entrevista. Uma das únicas que fui capaz de encontrar nessa vastidão chamada internet, foi uma concedida à Richard West, do Comics Journal em 1989, sobre o sucesso de Calvin e Haroldo.
[Trecho em tradução livre. A matéria completa (em inglês) pode ser conferida aqui]
“Richard West: Como você explica a popularidade de Calvin e Haroldo?
Bill Watterson: Eu realmente não entendo. Eu nunca tentei fazer com que eles fosse um quadrinho popular, eu só desenhava para mim mesmo.
RW: As vezes Calvin se comporta como uma criancinha mimada e em outras nem parece uma criança de apenas seis anos. Como você explica isso?
BW: O principal nesse conceito é que me dá flexibilidade para alcançar um ângulo maior, [...] como você sabe, o autor é um adulto e, presume-se, ele tem comentários de adulto a fazer. [...].
RW: A piada é essa. Colocar pensamentos sofisticados na boca de um bebê ou uma criança.
BW: Exato! O que eu gosto no Calvin é que eu posso fazer o que quiser, podendo ser infantilizado ou não. [...]”
[Trecho da entrevista recente à revista Mental Floss em tradução livre. A matéria completa (também em inglês) pode ser vista aqui]
“Pessoalmente, eu gosto de papel e tinta mais do que pixels brilhantes, mas cada um na sua. Obviamente o papel dos quadrinhos está mudando rapidamente. Por um lado, eu não acho que os quadrinhos já tenham sido tão bem aceitos ou tomados com tanta seriedade como são hoje. Por outro lado, a mídia focada nas massas está desintegrando e a audiência está automatizada. Eu suspeito que os quadrinhos terão menos enquadramento para impacto cultural e renderão menos dinheiro. Estou velho o bastante para pensar desse jeito, mas o mundo gira. Todas essas novas mídias irão, inevitavelmente, mudar o visual, função e, quem sabe até o propósito dos quadrinhos, mas eles são vibrantes e versáteis, então eu acho que eles irão continuar a ser relevantes de um jeito ou de outro. Mas, definitivamente, não serão os mesmos com os quais eu cresci.
[...]
O visual sofisticado da Pixar me faz babar de inveja, mas eu tenho ZERO interesse em ver qualquer animação de Calvin e Haroldo. Se você simplesmente for comparar um filme com o livro em que ele foi baseado, você saberá que parte do livro é negligenciado ou esquecido ou modificado. Isso é inevitável, porque mídias diferentes têm tamanhos e necessidades diferentes e quando você faz um filme, ele precisa ser preenchido. Como quadrinhos, Calvin e Haroldo funcionam perfeitamente do jeito que foram pensados. Não há necessidade de adaptá-los.”
Mas se você acha que este é o ponto final para Calvin e Haroldo, enganou-se. Fãs tem criado animações baseadas nos quadrinhos. Nenhuma delas é oficial, tampouco autorizada, mas não deixam de ser interessante. Basta uma busca rápida no Youtube.
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